segunda-feira, 1 de junho de 2015


há um homem 
que vive parado 
e ninguém sabe por quê. 
quando sabem 
não entendem: 
parado ele vive.

não entendem como 
alguém pode viver 
sem sair do lugar. 
ele descobriu 
onde o mundo começa 
e já não quer 
sair de lá.

ele diz que perto
temos um oceano 
e não paramos nem 
pra molhar os pés: 
movam os olhos, 
parem os pés.

nosso oceano é maior.

parado dizem 
que ele perde tempo 
e do tempo temos 
que estar à frente. 

mas ele é um homem
detrás do seu tempo. 
o perdendo pode 
se encontrar.

parado 
está em movimento 
porque o seu mundo 
é por dentro.

terça-feira, 7 de abril de 2015


mormaço

com o rosto queimado, 
pés rachados 
e bacia ainda pesada 
na cabeça, 
volta pra casa.

na ida 
algum desconhecido disse 
que pelo dia abafado 
vinha chuva. 

depois do dia abafado, 
seus olhos são 
sóis cansados 
que deságuam. 

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015


não me importam
os batimentos
dos ponteiros:
os que me dizem
a hora
são os de dentro
do peito.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014


em silêncios de 
pedra e espera, 
os caminhos estão cansados 
de levar as gentes pra lá e pra cá 
e vê-las já cansadas 
sem ao menos terem começado 
a ser chão 
no chão do ser 
antes de continuarem 
a caminhar.